Os casos de violações de sepulturas registrados no Cemitério Municipal São Pedro, no Centro, apontam a necessidade de maiores cuidados com a segurança por parte das autoridades de Londrina para o setor. A Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina) afirma que vem tomando medidas neste sentido. No próprio São Pedro, o muro está sendo aumentado e todo o perímetro, em breve, contará com estrutura de 2,70 metros de altura.
O mesmo trabalho é realizado no cemitério Padre Anchieta, na Zona Leste, e no João XXIII, na região central, uma série de intervenções foram licitadas, entre elas a construção de muros e calçamento, num conjunto de ações que devem consumir R$ 750 mil. “Há uma ação de iluminação dos cemitérios que deverá começar agora em março. Hoje, a segurança dos cemitérios não é feita mais por vigias e sim pela Guarda Municipal. No São Pedro inclusive conta com uma câmera de vigilância”, alertou o superintendente da Acesf, Leonilso Jaqueta.
Segundo informações da Guarda Municipal de Londrina, os cemitérios estão incluídos na ronda que os agentes fazem durante todo o dia e a madrugada como parte da vigilância dos prédios públicos.
O diretor da Guarda, Daniel Sakama – que está temporariamente como secretário da Defesa Social, durante as férias de Evaristo Kuceki – garante que a câmera de segurança está funcionando, mas não tem a capacidade de registrar imagens à noite. “Por este motivo, orientamos que seja feito o novo projeto de iluminação, assim como a obra para aumentar o muro. Assim, com melhor visibilidade dentro do espaço do cemitério fica mais fácil a vigilância”, apontou Sakama.
Outro fator importante é a participação da própria população com denúncias através do número telefônico 153. “As ligações nos ajudam muito. Já atendemos casos de roubos, assim com invasão em que população de rua que usava as sepulturas para dormir”, lembrou o agente da GM.
Túmulos violados
Os funcionários do São Pedro foram surpreendidos na manhã da última sexta-feira (15) quando abriram os portões. Dois túmulos haviam sido violados e os caixões retirados. Assim que a Acesf tomou conhecimento do caso, a Guarda Municipal foi acionada e isolou o local. A Polícia Científica esteve presente com os técnicos do IML e foi registrado um Boletim de Ocorrência.
Em um dos casos, o corpo que havida sido enterrado há menos de 15 dias foi retirado e despido, num aparente caso de necrofilia. Um médico legista fez a coleta dos vestígios sexuais no local. O outro corpo, em que já havia sido enterrado há mais de 30 dias, não chegou a ser retirado da urna. Ambos os cadáveres eram de mulheres de idade aproximada de 70 anos e foram sepultados novamente assim que liberados pela Polícia. “Não temos nenhuma suspeita, não havia nenhum visitante que chamasse a atenção dos funcionários”, afirmou Jaqueta. Não há indício de tentativa de furto, visto que a recomendação é que os mortos não sejam enterrados com joias.
Uma das famílias já foi informada do ocorrido. O órgão responsável pelo serviço funerário municipal acredita que as sepulturas foram escolhidas aleatoriamente e que não existam ligação com pessoas relacionadas com os mortos. “Os túmulos ainda estavam com as coroas de flores em cima”, contou Jaqueta, que ressaltou a gravidade do ocorrido. “Nossos funcionários que já estão acostumados a lidar com a morte ficaram extremamente abalados com o que aconteceu”.
A necrofilia é uma perversão sexual que leva uma pessoa a sentir atração por cadáveres. Os crimes contra o respeito aos mortos estão previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de dezembro de 1940. Ao vilipendiar cadáver ou suas cinzas, a pena é de detenção de um a três anos e multa e violar sepultura é de reclusão de um a três anos, além de multa.
Esta não é a primeira vez que casos de necrofilia são registrados em Londrina. Em dezembro de 1998, segundo uma reportagem da FOLHA, três túmulos do Cemitério Jardim da Saudade, na zona norte, foram violados. Conforme informações divulgadas na época, foi a terceira vez em quatro anos que o cemitério foi alvo deste tipo de crime. No mês de novembro do mesmo ano, outros três túmulos foram violados no mesmo cemitério, o maior da cidade.
Via Folha de Londrina
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