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Policial

‘Tem sentimento de repulsa em voltar para casa’, diz delegada que ouviu menino agredido em Londrina

O menino de oito anos que foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave após sofrer agressões, prestou depoimento à polícia nesta sexta-feira (13), em Londrina, no norte do Paraná. Os pais adotivos foram presos suspeitos de tentativa de homicídio e tortura.

A delegada Lívia Pini, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), disse que a criança estava sonolenta e não falava muito devido à forte dose de medicamentos.

“Tivemos uma confirmação, através dos questionamentos, de que os machucados teriam ocorrido na casa. [O menino] também menciona o papai e a mamãe. Ele já tinha falado para os profissionais do hospital que tem um sentimento de repulsa com a ideia de voltar para casa”, disse Lívia.

O depoimento foi acompanhado de uma psicóloga e de uma enfermeira. Conforme a delegada, o menino não soube informar quantas vezes e a quanto tempo ele apanhava.

“Foi juntado ao procedimento o laudo pericial que constataram todas as lesões, cicatrizes. Não foram verificadas lesões indicativas de violência sexual. A criança está sendo acompanhada no hospital pelas mães sociais”, explicou ela.

O casal reconheceu para o Conselho Tutelar e à Polícia Civil que bateu no menino. Eles disseram que deram chineladas e agrediram com varinha de plástico para ‘corrigir e disciplinar’ o garoto.

Os dois afirmaram em depoimento que o menino teve uma crise convulsiva um dia depois das agressões, e que a criança machucou a cabeça ao se debater no chão e na parede.

Na quinta-feira (12), o boletim médico apontou que a criança está estável e o quadro de saúde está evoluindo. Ele começou a se alimentar e está consciente na UTI do Hospital Evangélico da cidade.

A criança foi adotada há quase dois meses no Mato Grosso do Sul pelos suspeitos. Após ser comunicado do fato e das prisões, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul suspendeu a guarda. O Tribunal também abriu um procedimento para investigar como o processo de adoção foi realizado.

A delegada ouviu testemunhas e algumas delas relataram que ligaram para o Conselho Tutelar várias vezes contando o que estava acontecendo na casa. Porém, as denúncias não foram checadas.

“Tem relado de que a criança teria sido deixada na chuva, e vizinhos ouviram falando algo que seria como um castigo: ‘você vai ficar aí para aprender’. E [o casal] ao ver os vizinhos, colocavam a criança para dentro”, disse Lívia Pini.

A delegada afirmou que espera receber o resultado da perícia feita no celular dos pais adotivos e também um laudo complementar do Instituto Médico-Legal (IML) para saber a profundidade das agressões.

O Nucria tem até o dia 18 de dezembro para concluir o inquérito e encaminhar à Justiça.

A defesa do casal afirmou que vai entrar com um pedido liberdade provisória até sexta-feira (20). Além disso, informou que os dois estão abalados e reafirmam que estavam apenas corrigindo a criança.

Processo de adoção

O casal tem a guarda provisória da criança desde 18 de outubro de 2019. O menino é natural da cidade de Ladário (MS) e foi adotado em um abrigo em Corumbá, no mesmo estado.

O casal morava em Goiânia e se mudou para Londrina em maio deste ano. Segundo a defesa, o pai do garoto mudou para o Paraná depois de aceitar uma proposta de emprego.

O termo de guarda provisória determinava que os pais deveriam proporcionar condições essenciais à subsistência, saúde e instrução obrigatória, bem como assistência moral, material, educacional à criança nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Informações do G1 Paraná

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