Governador sugere mais mil quilômetros de estradas e obras do contorno norte de Londrina dentro de nova concessão do Anel de Integração desde que preço do pedágio fique em 50% do atual
O governo do Paraná pediu ao Ministério da Infraestrutura a inclusão de mil quilômetros de estradas estaduais na nova licitação para concessão das rodovias federais que hoje compõem o Anel de Integração do Paraná, marcada para 2020. O objetivo é contar com pedágios em 3,5 mil km considerados importantes para o transporte de cargas e de passageiros no Estado e antecipar as obras de contornos que retirem o tráfego pesado de Londrina, Cascavel e Ponta Grossa, com a contrapartida de reduzir o custo da tarifa pela metade.
O leilão do Anel de Integração, que pelo contrato atual e que vence em 2021 foi delegado ao Estado em 1997, será feito desta vez pela União. Segundo nota do governo paranaense, os pedidos para que ocorra redução na tarifa paga pelos usuários em 50%, para que sejam executadas de duplicação e para que sejam feitos contornos rodoviários nas maiores cidades já foram aceitos pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. A expectativa é que o conselho de ministros do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) avalize na primeira quinzena de março os estudos técnicos para as novas licitações, já que o governo federal estuda a possibilidade de mudar a configuração dos atuais lotes do Anel de Integração.
Em reunião na semana passada, em Brasília, o governador Ratinho Junior e o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, formalizaram ao secretário nacional de Transportes Terrestres, Jamil Megid Junior, a proposta de inclusão da PR-092 (Norte Pioneiro), da PR-323 (Noroeste), da PR-280 (Sudoeste) e da rota entre Campo Mourão e Guarapuava. Ainda, fez o pedido para que as concessionárias que vencerem o leilão incluam entre as primeiras obras os contornos de Cascavel, Londrina e Ponta Grossa.
O Contorno Norte de Londrina, que visa deslocar o tráfego pesado que passa hoje pela avenida Brasília para uma região não urbanizada, estava previsto no contrato original de concessão com a Econorte e deveria ser entregue até 2021. No entanto, o projeto feito no fim da década de 90 estava defasado com a necessidade atual da cidade e foi criado um imbróglio que dificulta uma solução até o fim do contrato.
O governador anterior, Beto Richa, fez então um acordo para que a obra fosse substituída pela antecipação da duplicação de trecho da BR-369, entre Cornélio Procópio e Jataizinho, que teria o mesmo valor. Richa havia se comprometido de que o Estado assumiria a construção do Contorno Norte, mas foi alvo, ao lado de 32 pessoas ligadas também a concessionárias, de um braço da Operação Lava Jato que investigava desvio de recursos nesse contratos e que paralisou todas as obras na região.
Demandas regionais
A reportagem procurou a Secretaria do Estado de Infraestrutura e Logística para informações adicionais, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição. Porém, o gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), João Arthur Mohr, que participou de toda a discussão sobre os pedágios nos últimos anos, afirma que todas as inclusões vieram de demandas regionais, confirmadas nas audiências públicas feitas pelo Estado ao longo de 2018.
Ele diz que o mais importante é reduzir o custo do pedágio, principal reclamação dos paranaenses. “Temos a defesa do valor da tarifa, que hoje gira em torno de R$ 14 a cada 100 km para R$ 7”, cita Mohr.
O presidente interino da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Morais, considera que a ideia de incluir as rodovias estaduais é interessante. “Concordamos com a ampliação e que se passe o controle para o governo federal, mas nossa luta é para que os preços dos pedágios sejam mais justos e também queremos que se resolva o problema do nosso contorno norte”, diz.
O gerente setorial da Fiep acredita que é possível reduzir os preços e criar um cronograma de obras já a partir do primeiro ano de contrato, de acordo com a receita e o volume de veículos de cada trecho. “Por exemplo, a PR-092 pode não ter um fluxo de veículos tão intenso a ponto de precisar ser toda duplicada, mas é importante que seja como um tapete, bem sinalizada, com trevos em desnível na entrada das cidades para evitar acidentes e vários pontos com terceiras faixas”, cita Mohr.
Essa definição de projetos ainda depende de estudos. “Acreditamos que a condução desse processo pela União será positiva, porque atrairá interessados de todo o mundo e porque as notícias dos últimos meses na concessão feita pelo Estado foram ruins. A única desvantagem que teríamos é se não pudéssemos dizer quais trechos e tarifas queremos”, afirma Mohr.
Via Folha de Londrina
Foto: Folha Arte
Outras informações na programação da Rádio Cultura AM 930