Diante das críticas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deu a mesma importância à tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul que deu a outros compromissos — sobretudo internacionais —, a primeira-dama Janja esteve ontem no estado, representando o marido para a entrega de cestas básicas. Mas nem assim a oposição deu trégua: em postagens nas redes sociais, indagaram que cargo a mulher de Lula ocupa no governo que lhe permita representar o presidente.
Janja estava acompanhada pelo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, e encontrou-se com o governador Eduardo Leite (PSDB). O grupo visitou a região do Vale do Taquari, a mais afetada pelas cheias causadas pelos transbordamentos dos rios que cortam a região. A explicação, segundo o Palácio do Planalto, da ausência de Lula foi a posse do ministro Luis Roberto Barroso na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e a preparação para a cirurgia no quadril a que se submete, hoje, em Brasília.
Isso não quer dizer, porém, que o presidente não esteve com o governador gaúcho. Na quarta-feira, Eduardo Leite esteve no Palácio do Planalto com Lula, quando mais uma vez acertaram a liberação de recursos para a recuperação da região do Vale do Taquari e para auxiliar as famílias que perderam tudo e não têm como se sustentar — uma vez que várias empresas levarão meses para recuperar a capacidade produtiva, devido às perdas provocadas pelas inundações.
A oposição ao governo, porém, tem coletado números para tentar passar a ideia, por meio das redes sociais, de que Lula tem sido indiferente ao drama do norte do Rio Grande do Sul e da Serra Gaúcha. Nos 24 dias posteriores ao início dos ciclones extratropicais que atingiram o estado em setembro, o presidente fez duas viagens ao exterior, teve 58 agendas em Brasília, mas não foi ver de perto o desastre.
Entre esta terça e a quarta-feira, um novo ciclone atingiu a costa gaúcha, aumentando o nível de água no Lago Guaíba, preocupando as autoridades locais e meteorologistas. A capital Porto Alegre teve bairros inundados. Desde o início dos fenômenos naturais, 5.177 pessoas ficaram desabrigadas até o último domingo, de acordo com o mais recente balanço da Defesa Civil do estado.
Seca no Norte
Se o Sul sofre com as cheias e enchentes, no Norte a angústia é trazida pelas secas. Ontem, a prefeitura de Manaus decretou situação de emergência em razão da estiagem que atinge o Rio Negro — que atingiu a cota de 16,11m, nível considerado muito baixo para o período. Dessa forma, subiu para 17 o número de municípios amazonenses que decretaram situação de emergência por causa da estiagem que atinge o estado.
Segundo a prefeitura de Manaus, a vazante do Rio Negro vem causando prejuízos às zonas ribeirinha e rural da cidade. Com a seca, os moradores desses locais enfrentam dificuldade de acesso a alimentos e água potável.
Entre as ações previstas para atender a população, estão a distribuição de alimentos e a perfuração de 30 poços artesianos para levar água a diferentes comunidades. Também serão entregues 60 botes com motor para as comunidades afetadas.
Nas últimas 48 horas, enquanto a capital amazonense registrou dois focos de queimadas, municípios do interior — sobretudo Autazes, Novo Airão e Iranduba — contabilizaram 58 ocorrências, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) — em setembro foram registradas 6.597 queimadas no Amazonas. Os focos de incêndio fizeram com que a cidade ficasse encoberta por uma nuvem de fumaça.
Com informações: Correio Braziliense/(crédito: Claudio Kbene/PR)
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