Donald Trump se tornou o terceiro presidente norte-americano a sofrer impeachment na Câmara dos Representantes, após a votação que aprovou os dois artigos de acusação contra ele nesta quarta-feira (18). Agora, começa a segunda parte do embate, o julgamento no Senado.
Antes dele, Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1999, passaram pelo mesmo procedimento e ambos conseguiram cumprir seus mandatos até o fim. Johnson não foi removido por apenas um voto e Clinton teve uma votação confortável.
Para Leonardo Paz, professor de Relações Internacionais do Ibmec-RJ, o destino de Trump deve ser o mesmo de seus dois antecessores, graças à maioria que o Partido Republicano tem no Senado.
“Parece que o resultado já está dado, depois de passar na Câmara, o impeachment vai parar no Senado. Os poucos republicanos que repudiavam Trump agora estão com ele. Acredito que está mais ou menos garantido para ele”, afirma.
‘Perseguido pela oposição’
O que Trump pode fazer depois do julgamento no Senado, segundo o professor, é usar o processo de impeachment como capital político e passar ao eleitorado a ideia de que foi perseguido pela oposição.
“Acho que a tendência é essa. Por outro lado, o cálculo político dos democratas é que eles não poderiam não fazer nada, nem ser omisso diante dessa questão (as denúncias de que Trump teria usado ajuda militar à Ucrânia para pedir ajuda nas eleições de 2020). Creio que para eles o momento era razoável, por ser próximo da eleição”, diz Paz.
Para o cientista político, as pesquisas de opinião, que mostram a população norte-americana bastante dividida em relação ao impeachment, indicam que mesmo com as acusações e o processo contra Trump, ele segue com boa imagem junto ao seu eleitorado.
“Na minha opinião, ele não foi atingido pelo escândalo. Normalmente, quando um político passa por um processo desses e há indícios, uma parte da população já se coloca contra ele. Aí, se ele realmente for absolvido, vai se colocar no papel de perseguido e basear sua campanha nisso”, explica.
Consequências do julgamento
Uma grande preocupação de analistas norte-americanos com relação ao resultado do processo são as consequências da possível absolvição de Trump. Para alguns deles, o presidente estaria ainda menos disposto a seguir regras e protocolos se conseguir escapar do impeachment.
“Ele é imprevisível. Normalmente, se você quase é pego fazendo alguma coisa errada e escapa de alguma punição como perder o cargo, você tenta não repetir o erro. No caso dele, qualquer palpite é como usar uma bola de cristal”, brinca Paz.
Mesmo se escapar, no entanto, o desafio da reeleição em 2020 passa pela economia norte-americana, segundo Leonardo Paz.
“Isso é o mais importante. Muitos economistas estão prevendo uma desaceleração nos EUA. Se isso acontecer, vai ficar difícil. No mais, importa mais a opinião dos eleitores do que os fatos em si”, finaliza.
Informações: R7
Foto: Kevin Lamarque/Reuters
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