O ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Londrina Orlando Bonilha foi preso no final da tarde de quarta-feira (8) pela Polícia Militar na Rua Arara Azul no Conjunto Violin (zona norte). Bonilha foi condenado em janeiro deste ano a 20 anos, seis meses e 16 dias em regime fechado depois da unificação de processos pela VEP (Vara de Execuções Penais) e era considerado foragido pela Justiça desde começo do ano, mas a defesa negava esta condição.
Primeiro vereador cassado da história de Londrina em 2008, Bonilha assumiu que não era a única “batata podre do pacote” daquela legislatura e entregou os principais esquemas e outros parlamentares e empresários. Pela corrupção sistêmica revelada à época, o ex-vereador foi condenado em seis processos criminais, entre eles por ficar com parte de salários de assessores e por receber propina de empresário para aprovar a doação de um terreno.
De acordo com a major Nelson Villa, comandante da 4ª Companhia Independente o ex-vereador não resistiu à prisão que foi feita em um abordagem da equipe da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel). “Foi verificado que Bonilha estava com dois mandados de prisão em aberto. Foi só abordagem, verificação, constatação e encaminhamento”, resumiu Villa.
Após um rápido encontro com Bonilha, o advogado Ronaldo Neves, afirmou à reportagem que as seis condenações inicialmente eram previstas em regime semiaberto, mas a partir da decisão de unificá-las pelo juiz Katsujo Nakadomari, da VEP, o caso foi “transformado em crime hediondo”.
O advogado ainda culpou o MP (Ministério Público) que, segundo ele, não teria cumprido a delação premiada firmada na primeira prisão de Bonilha em 2008 e classificou de “traição”. “Uma delação absolutamente negociada. E na delação se estabelece uma confissão e não se discute mais a autoria, a natureza, a qualidade do crime. A única coisa que nós esperávamos é que o Ministério Público, tal e como foi combinado na época, honrasse o que foi estabelecido”, cobrou.
Segundo Neves, desde que houve a unificação, a defesa tenta por meio de petições e encontros com os promotores negociar uma pena alternativa ao regime fechado. “Ele [Bonilha] está disposto a cumprir no regime semiaberto, a cumprir serviços comunitários, usar tornozeleira, a recolher-se a hora que for determinada à noite, mas ele precisa trabalhar. Ele tem trigêmeos com um ano e oito meses, que não têm quem possa sustentá-los. E o que eu chamo atenção e insisto nesse ponto de vista é que Bonilha dizia na época que não era a única batata podre, mas é a única batata que está sendo condenada e presa”, ressalta.
Neves chegou a usar a justificativa que o ex-vereador fez uma limpeza ética na cidade. “Ele denunciou todos os casos de corrupção e nenhum empresário foi responsabilizado. O prefeito que sancionou também não foi responsabilizado, as leis que foram publicadas, ilegais, entraram em vigência e nunca revogadas”, comenta. “Enquanto advogado me sinto traído, imagine o Bonilha”.
Resposta do Gaeco
O coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado), Jorge Barreto, disse que não existia a lei de colaboração premiada nos moldes como é utilizado hoje pela Força-tarefa da Lava Jato. Entretanto, o promotor afirmou que o MP “aplicou os benefícios legais” nos processos nos quais Bonilha contribui com as investigações. “Em todos os processos em que ele efetivamente contribui para o desenlace do esquema pedimos as reduções das penas necessárias. Nos casos onde ele não colaborou, foi aplicada a sanção que juiz achou conveniente.”
Segundo Barreto, a unificação dos processo não foi alvo de pedido do Gaeco. Entretanto, admitiu que está em análise o pedido feito pela defesa de Bonilha de transformar o regime fechado em outra medida cautelar diversa a prisão. ” stá sim sob análise. Vamos verificar se o ex-vereador faz jus aos novos benefícios. Invariavelmente, ele teria que iniciar o cumprimento da prisão como determinou o juiz da VEP. Mas não podemos adiantar obviamente o resultado desse pedido.”
Até ontem (8) à noite, Bonilha ainda estava no Ciac (Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão) e seria encaminhado para o sistema prisional. Nesta quinta-feira (9), a defesa deverá entrar com pedido de habeas corpus no TJ (Tribunal de Justiça).
Fonte: Folha de Londrina
Foto: Arquivo/FOLHA
Saiba mais na programação da Rádio Cultura AM 930