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Brasil

Embates entre Bolsonaro e Lula dominam o primeiro debate entre presidenciáveis

Os embates entre os presidentes Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dominaram o primeiro debate entre os candidatos a presidente, promovidos pela TV Band, com um pool de empresas de comunicação, na noite deste domingo (28). Além de Lula e Bolsonaro, também participaram os candidatos Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe d’Ávila (Novo).

No primeiro confronto direto, Bolsonaro (PL) fez uma pergunta a Lula e citou o ex-ministro Antonio Palocci para trazer à tona casos de corrupção no governo de Lula. A estratégia da campanha do chefe do Executivo é tentar aumentar a rejeição ao petista no eleitorado ao relembrar escândalos de desvio de dinheiro. “O seu governo foi o governo mais corrupto da história do Brasil”, declarou Bolsonaro. O presidente também disse que as administrações petistas foram caracterizadas pela “cleptocracia”, ou seja, “à base do roubo”.

Lula, por sua vez, tentou diferenciar seu governo da administração Bolsonaro durante o Debate. “O País era respeitado pelo mundo, pelos EUA, Chile, China, Índia, Rússia, União Europeia”, apontou Lula, que acusou Bolsonaro de destruir o País. O contexto global levantado por Luiz Inácio Lula da Silva para ressaltar um dos principais problemas do governo de Jair Bolsonaro com a preservação ambiental, onde inclusive houve um grande avanço do desmatamento em florestas nos últimos três anos. Lula disse que combateu a corrupção em seu governo e que Bolsonaro só fala bravatas.

Segundo bloco

No segundo bloco, Bolsonaro foi questionado por um jornalista de onde tiraria dinheiro para bancar a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 a partir de 2023. “De onde retirar dinheiro? Tenho conversado com a equipe econômica, acertado com eles, com responsabilidade fiscal”, disse o presidente. “Como conseguir recursos? Não roubando, não metendo a mão no bolso do povo”, emendou, em novo ataque a Lula.

Lula acusou o adversário de mentir sobre a promessa de manter o valor de R$ 600 no Auxílio Brasil para o próximo ano. “Importante lembrar que a manutenção dos R$ 600 não está na LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias) mandada para o Congresso Nacional. Existe uma mentira no ar”, retrucou o petista.

Ao responder sobre corrupção, Lula alfinetou Ciro. “Eu não fui para Paris para não votar no Haddad. Eu fiquei, fui preso para não disputar as eleições, porque, se disputasse, ganhava”. Ele disse ainda que foi inocentado nos processos da Operação Lava Jato que o levaram a ser preso – contudo, sua soltura ocorreu porque o caso do triplex teve as condenações anuladas no Supremo Tribunal Federal (STF), por contaminação na condução do processo, e voltaram à primeira instância.

No segundo bloco, Ciro Gomes provocou um descontrole em Bolsonaro – que chamou a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, de “vergonha”. Soraya saiu em defesa de Vera. “Quando homens são ‘tchutchucas’ com outros homens, mas vem pra cima da gente sendo tigrão, fico extremamente incomodada”, disse ela. Ciro ainda disse, no mesmo bloco, que Lula estava se corrompendo. Lula alfinetou: “Tomara que ele não vá para Paris no segundo turno”, em referência ao comportamento do pedetista na eleição de 2018.

Terceiro bloco

No terceiro bloco, Bolsonaro foi alvo de ataques de Simone Tebet, que o chamou de machista, misógino e agressivo com as mulheres. “Parem de ficar me atacando. Mimimi”, retrucou Bolsonaro, que citou que as mulheres tiveram importância em sua gestão.

Soraya, por sua vez, mirou em Lula, questionou a clareza nas propostas sobre impostos e o chamou de corrupto confesso. “Tentei mandar duas reformas tributárias para o Congresso.  Não passa”, disse o ex-presidente, que ressaltou que em seu governo houve o maior processo de inclusão social da história.

Covid

Questionada pela candidata Soraya Thronicke sobre o que pode ser feito para diminuir as filas no Sistema Único de Saúde (SUS), Tebet citou sua participação na CPI da Covid e fez duras críticas a Bolsonaro. “A pandemia se arrastou porque não teve coordenação do governo federal, não é porque ficamos em casa”.

Ao ser questionado sobre a diminuição na cobertura de vacinação do Brasil, Ciro fez críticas a Lula e Bolsonaro, afirmando que os dois estão “dividindo a nossa nação”. “O que mais está me chocando e vendo esse nível de alienação e de ódio, coisas assim. Mentira para lá, mentira para cá. Esse é o Brasil que essa gente tá produzindo, dividindo a nossa nação, e eu quero conciliar”.

Mulheres

Após ser criticado por ofender mulheres, Bolsonaro disse que a candidata Simone Tebet (MDB) estava “escondidinha” durante ataques às médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro, que defenderam o tratamento precoce para covid-19, comprovadamente ineficaz contra a doença. Tebet se destacou em discursos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. “Chega de vitimismo, somos todos iguais”, declarou o candidato à reeleição.“Eu defendo as mulheres. Quando eu defendo a arma, em especial no campo, é para dar chance de a mulher se defender”.

Ao responder, Simone Tebet criticou Bolsonaro sobre sua postura na cadeira do Executivo nacional que, segundo ela, cria e divulga fake news. “Lugar de Presidência é lugar de exemplo, de coisa séria. Não podemos ter um presidente que mente, que cria fake news, que divide as famílias, que destila ódio, que agride da forma mesmo desrespeitosa, qualquer pessoa que de alguma forma lhe aponte a verdade”, afirmou, no debate.

Ciro foi relembrado por Bolsonaro em relação a uma fala machista em relação à sua ex-esposa Patrícia Pillar. “Há 20 anos eu cometi uma absoluta infelicidade de fazer uma gracinha com uma mulher extraordinária que foi minha mulher durante 18 anos, já me desculpei por isso um milhão de vezes, e isso é de se desculpar a vida inteira”, afirmou. “Não é isso que eu estou falando, Bolsonaro, é da sua falta de escrúpulo. Você corrompeu todas as suas ex-esposas, todas elas estão envolvidas em escândalos. Você corrompeu os seus filhos. Essa é a questão, tendo prometido que ia combater a corrupção do PT e do Lula. Essa é a grande contradição que você precisa explicar”. Ciro, no entanto, afirmou que aprendeu com o erro, já Bolsonaro “não aprende nada nunca, porque você é uma pessoa que não tem coração”.

Considerações finais

Em suas considerações finais, Bolsonaro afirmou que a eleição está polarizada e concentrou seus ataques em Lula. “O que vai acontecer com o nosso Brasil se esse ex-presidiário voltar para a cena do crime juntamente com Geraldo Alckmin, um homem religioso, católico, mas que resolveu cantar a Internacional Socialista? É a união de tudo o que não presta no Brasil”, declarou. E criticou o apoio do PT a governos de esquerda.

Lula destacou a aliança com o candidato a vice Geraldo Alckmin (PSB), defendeu as gestões da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e falou do legado de seus dois mandatos à frente do Planalto. E ainda provocou Bolsonaro ao falar sobre obras públicas. “Eu ia falar de obras públicas, mas é tão medíocre de obras hoje que não vou falar para não humilhar quem está governando o Brasil.”

As considerações finais de Ciro Gomes foram em defesa da mudança do modelo econômico e de governança do País. De acordo com o pedetista, “é deprimente um País como o nosso ficar discutindo quem é mais corrupto, quem é menos corrupto”. “Minha luta é contra modelo econômico que é o mesmo rigorosamente há 25, 30 anos, que montou uma máquina perversa de transferir renda”, declarou Ciro.

Simone Tebet lamentou, em suas considerações finais no debate presidencial, a polarização entre Bolsonaro e Lula. “Falando do passado, alimentando o ódio, dividindo as famílias e polarizando o Brasil”, afirmou. “Triste o Brasil que tem que escolher entre o petrolão e mensalão do PT e o escândalo de corrupção da educação e do orçamento secreto do atual governo”, disse. Segundo ela, seu governo irá acabar com a fome, miséria e discriminação.

Com informações:Bem Paraná

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