CMTU realiza ações educativas para evitar que condutores estacionem em vagas de embarque e desembarque e em fila dupla
A volta às aulas traz à tona o velho problema do trânsito no entorno das escolas. Um veículo que resolve parar em fila dupla é o suficiente para prejudicar o fluxo em vias importantes, como a rua Goiás, na região central de Londrina. Na esquina com a rua Mato Grosso, a via se torna uma das mais problemáticas na cidade nos horários de entrada e saída dos mais de 500 alunos da escola municipal Arthur Thomas. “É uma das que mais geram reclamações por parte da população em relação a veículos parados em fila dupla e estacionados em vagas destinadas ao embarque e desembarque”, comenta o coordenador de Educação da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), Carlos Eduardo Ribeiro.
Somente em 2018, a CMTU registrou 500 reclamações de estacionamento irregular em vagas de embarque e desembarque no entorno de escolas, o que gerou cerca de 2.300 multas. A infração neste caso é considerada média (quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação) com multa de R$ 130,16, e para aqueles que param em fila dupla é infração grave (cinco pontos) com o valor de R$ 195,23.
Conscientização
Para conscientizar pais e trabalhadores de transporte escolar, melhorar o trânsito ao redor das escolas e garantir a segurança dos alunos, agentes da CMTU deram início às blitz educativas na manhã de quarta-feira (13). A ação começou pela escola Arthur Thomas e também no Colégio Uninorte Junior, na zona leste. A previsão é atender diferentes escolas durante o mês.
Os agentes entregaram panfletos e ouviram o desabafo de motoristas, como Marcos Costa, que trabalha com transporte escolar e é responsável pelo embarque e desembarque de 15 alunos na Escola Arthur Thomas. “Fila dupla é o que mais tem. Aí você buzina para alertar a pessoa e é xingado. Eu aprendi uma coisa. Chego mais cedo e paro na Zona Azul (estacionamento rotativo pago). Não tem outra solução porque a escola fica em uma região muito movimentada. Não é fácil, não”, lamenta.
André Gonçalves, que leva e busca o filho todos os dias de carro também não vê solução. “Hoje eu rodei seis vezes para encontrar uma vaga. Eu não podia ficar parado na vaga rotativa senão ia ser multado. Se todos respeitassem esses cinco minutos, talvez melhoraria. Esse tempo é suficiente para pegar as crianças”, afirma. O tempo que Gonçalves se refere é das vagas de curta duração, que funcionam desde o início de 2018 substituindo as vagas de embarque e desembarque em algumas escolas. Os condutores têm cinco minutos de parada e é obrigatório deixar o pisca alerta ligado.
Na escola Arthur Thomas são dez vagas destinadas a essa parada rápida. “Cada escola vai ter uma necessidade específica, tanto pelo volume de alunos quanto pela localização e essa demanda é avaliada pela CMTU e Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina)”, diz o coordenador da CMTU.
Cada um tenta fazer seu papel para tentar melhorar a questão do trânsito. A escola, por exemplo, libera os alunos em dois horários, às 11h50 e às 12h. O mesmo ocorre no período da tarde.
Quem prefere não perder tempo e nem passar nervoso, opta por parar em estacionamento particular. “Temos mensalistas e diaristas que pagam para usar a vaga somente nos horários de entrada e saída. Eles dizem que é melhor do que pagar multa”, conta Lucas Rafael Novi, proprietário de um estacionamento ao lado da escola.
Levantamento
Em julho de 2018, um levantamento do setor de sinalização viária da CMTU revelou que metade das 361 escolas municipais e estaduais, entre públicas e privadas, demandava uma adequação da sinalização de trânsito no entorno. Deste total, ao menos 13 não possuíam nenhum tipo de sinalização e dependiam de um projeto completo do Ippul. A coleta desses dados foi o início do projeto “Sinalizar pra Educar”, desenvolvido em parceria com o Ippul e as secretarias municipais de Planejamento, Educação, Obras e Pavimentação.
De acordo com Carlos Eduardo Ribeiro, coordenador de Educação da CMTU, em seis meses foi possível atender 120 escolas. “É um projeto contínuo e que envolve também o projeto Agente de Trânsito Mirim. Não basta sinalizar, tem que conscientizar e envolver os alunos também”, afirma. O engenheiro Alexsander Marchiori, da diretoria de Trânsito do Ippul, explica que as demandas são repassadas pela CMTU ou pelas próprias escolas. “Elaboramos os projetos e devolvemos para a CMTU realizar o serviço, pois as maiores demandas são pinturas de faixas de pedestres, sinalização horizontal de área escolar, instalação de placas de velocidade permitida (30 km/h) e marcação das áreas de embarque e desembarque”, explica, sem detalhar o número de projetos realizados ou em andamento.
Em relação aos problemas no embarque e desembarque dos alunos, Marchiori avalia que boas soluções seriam o escalonamento dos horários de entrada e saída em todas as escolas, o aproveitamento de outros possíveis locais de saída dos alunos (porta principal e lateral) e se possível, destinar uma área interna para a entrada de veículos, como vem sendo exigido nas escolas particulares e instituições de ensino superior.
Via Folha de Londrina
Foto: Gina Mardones
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