A vacina contra a Covid-19, por enquanto, é a única maneira para combater a doença. Algumas pessoas têm se esforçado muito para aguardar pelo grande dia que estarão imunizadas. É o caso de Roberto Francisco de Jesus, de 79 anos. O morador de Londrina, no norte do Paraná, andou três horas para chegar até o posto de saúde localizado 13 quilômetros distantes da casa onde mora.
Para estar, finalmente, imunizado, o idoso só tinha uma coisa na cabeça, precisava estar no posto de saúde no horário agendado.
Sem ônibus do transporte público, motoristas e cobradores estavam em greve, sem dinheiro para pagar por um carro de aplicativo e como não tinha ninguém para levá-lo até o ponto de vacinação, o aposentado não pensou duas vezes, decidiu ir caminhando.
“Faltavam 15 minutos para às duas da tarde e cheguei lá faltando 20 minutos para às cinco da tarde. Achei que não ia dar, fui entrando, e na portaria me perguntaram porque eu tinha chegado atrasado. Disse que não tinha ônibus e não tinha dinheiro para pagar um Uber. Então, ela[técnica de enfermagem] disse que eu tomaria a vacina, pediu licença para o povo que estava na minha frente e me levou até a sala da vacina”, relembrou o aposentado.
O trajeto começou pesado. Uma subida íngreme de fazer qualquer um desistir, imagine. Roberto saiu do bairro União da Vitória, na Zona Sul de Londrina, e seguiu em direção ao posto de saúde do Jardim do Sol, que fina na Zona Oeste. Ele chegou esgotado.
“Ele estava muito exausto. O acolhi, pedi para ele sentar, ofereci água antes de vacinar. Dava para ver no semblante que ele estava muito cansado”, contou Mairce Terziotti Oliveira, técnica de enfermagem do posto Jardim do Sol.
Após Roberto tomar a vacina, os funcionários do posto se mobilizaram e chamaram um carro de aplicativo que levou o aposentado para casa.
“Conversamos com todos os colegas do posto, e pagamos um Uber para ele voltar para casa, para ele não voltar a pé”, detalhou a técnica de enfermagem do posto.
Quando voltou para casa, a enteada de Roberto levou um susto. Elisabete tinha agendado o horário para ele receber a segunda dose, mas nem imaginava que o aposentado iria a pé.
“Deu o horário para ele ir e ele foi a pé. Quando chegou de tarde, ele falou que tinha ido a pé, quase infartei. Agendei e nem lembrei que não tinha ônibus. Se ele tivesse me lembrado, me avisado, teria levado ele”, afirmou Elisabete Maria Lima dos Santos.
Todo o esforço valeu a pena, com a imunização garantida, agora Roberto de Jesus não tem mais tanto medo da doença. Desde o início da pandemia, o aposentado se cuidou e não foi contaminado pelo novo coronavírus.
“O medo passou, mesmo assim vou continuar me cuidando, usando máscara, passando álcool nas mãos”, afirmou Roberto de Jesus.
“Ele acredita que a vacina é importante. Ele acredita que vai fazer bem para ele mesmo. Se de repente ele for contaminado, os sintomas serão mais leves. Ele é um guerreiro, estamos muito felizes”, concluiu a enteada de Roberto.
Entre tantas vacinas aplicadas todos os dias, essa história com certeza tem lugar especial no coração da Marice, pois envolve proteção e compaixão.
“O senhor me emocionou muito, é um exemplo de uma pessoa de coragem. É um exemplo para muita gente, inclusive para mim”, disse a técnica de enfermagem.
“Quero que todos [idosos imunizados com a 1ª dose] não esqueçam de tomar a vacina, porque fiz esforço por isso”, concluiu.
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