Os casos de violência doméstica no Paraná aumentaram 8,5% no 1º trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (Sesp).
No 1º trimestre do ano passado, foram 13.807 casos. Enquanto no 1º trimestre de 2020 foram 14.989 casos de violência doméstica.
Em Curitiba, no mesmo período, também houve um crescimento nos casos de violência doméstica: de 1,56%. Agora no 1º trimestre de 2020 foram 2.023, contra 1.992 casos nos três primeiros meses do ano anterior.
O que chama a atenção é que, no período de isolamento social – necessário por causa da pandemia mundial do novo coronavírus – houve uma redução dos casos de violência doméstica em todo o estado e também na capital paranaense.
“Nosso medo é que se tenha o agravamento da violência sofrida em casa, que a violência seja muito mais grave”, afirmou a presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), a advogada Helena de Souza Rocha.
Para a advogada, a redução do número de casos durante a quarentena pode ser um reflexo da dificuldade da vítima em fazer a denúncia.
Helena acredita que as pessoas estão com dificuldade de sair de casa e fazer a denúncia. As vítimas podem estar sofrendo a violência doméstica por mais tempo, de acordo com a advogada.
“Esse tempo mais elevado de violência pode culminar no feminicídio”, disse a advogada ao considerar os casos em que as vítimas da violência doméstica são mulheres.
A advogada ainda afirmou que já se vive uma situação gravíssima de violência doméstica e, segundo Helena, com o isolamento isso piora. Ela comparou os casos de violência doméstica no mundo a uma pandemia.
Helena ainda ressaltou a importância ter acesso a esses números, com mais frequência, para que se pense em políticas públicas.
“Não se faz políticas públicas sem dados. Precisamos saber quais são os números e pensar em políticas públicas para a nossa realidade”, afirmou.
Em abril, a Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) enviou um pedido de disponibilização de Boletins de Ocorrência online para vítimas de violência doméstica, exceto em casos de violência sexual.
Ao G1, a Sesp informou que recebeu o requerimento e encaminhou para a Polícia Civil. Segundo a Sesp, ainda não tem uma data exata para que o registro online possa ser feito, mas que o serviço deve começar a funcionar nas próximas semanas.
A Procuradoria da Mulher também pediu para que a Sesp divulgue periodicamente – por semana ou a cada 15 dias – os dados de violência contra a mulher.
No período de isolamento social, houve uma redução de 19% nos casos, na comparação com o mesmo período de 2019 — Foto: Reprodução/RPC
Isolamento social
No período de isolamento social, houve uma redução de 19% nos casos, na comparação com o mesmo período de 2019. Período de isolamento foram 3.884 ocorrências; no mesmo período em 2019 – 4.812 ocorrências.
O período contabilizado pela Sesp foi de 16 de março a 15 de abril, deste ano e do ano passado. As primeiras confirmações do coronavírus no estado foram em 12 de março, e o governo estadual passou a tomar medidas de isolamento social em 16 de março.
Em Curitiba, os números caíram 13%, conforme a Sesp. Violência doméstica é aquela que acontece dentro de casa e qualquer pessoa pode ser vítima, independentemente do sexo e da idade.
Período de isolamento, a capital paranaense registrou 579 ocorrências. No mesma época, em 2019, – 665 ocorrências.
‘Em briga de marido e mulher se mete a colher sim’, afirmou a delegada Vanessa Alice — Foto: Reprodução/RPC
‘Se mete a colher sim’
“Há um ano, a Polícia Civil vem fazendo um trabalho maciço em cima das denúncias relacionadas à violência doméstica e contra a mulher, para que a comunidade se envolva no problema familiar”, disse a delegada Vanessa Alice.
Vanessa Alice é delegada-adjunta da Divisão de Polícia Especializada e delegada-chefe da Coordenadoria das Delegacias da Mulher no Estado do Paraná.
“Em briga de marido e mulher se mete a colher sim”, afirmou a delegada.
Ao G1, a delegada Vanessa Alice explicou que a polícia e a Justiça têm punido os autores da agressão e que medidas protetivas têm sido aplicadas para garantir a segurança das vítimas.
Responsabilidade é de todos
A delegada afirmou que o objetivo é que os números caiam.
“Incentivamos a mulher a denunciar e também estamos trazendo essa responsabilidade para a comunidade. Se o vizinho ouvir alguma coisa, deve efetuar a denúncia”, explicou.
Como denunciar?
As Delegacias da Mulher do estado estão funcionando normalmente, durante a quarentena.
Além do atendimento presencial, a delegada Vanessa Alice disse que é possível fazer as denúncias pelo telefones 180 e 181.
Em casos de emergência, a orientação da delegada é para que se ligue no 190.
A Polícia Civil também oferece atendimento telefônico em unidades especializadas de Curitiba para que a população não precise se deslocar até uma delegacia.
Quais são os telefones?
- Delegacia da Mulher – (41) 3219-2600
- Núcleo de Proteção à Crianças e Adolescentes Vítimas de Crimes – (41) 3270-3370
- Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos – (41) 3304-6800
- Delegacia do Adolescente – (41) 3261-6500
- Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente – (41) 3251-6200
- Delegacia de Delitos de Trânsito – (41) 3261-6630
- Delegacia de Crimes Contra a Economia e ao Consumidor – (41) 3883-7100
- Delegacia de Furtos e Roubos – (41) 3218-6100
- Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas – (41) 3343-1639
- Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa – (41) 3360-1400
- Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos – (41) 3326-3600
- Delegacia de Explosivos, Armas e Munições – (41) 3883-7131
Boletim de Ocorrência é uma forma de registrar queixa contra os agressores — Foto: Reprodução/RPC
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