O presidente Jair Bolsonaro, na noite desta quinta-feira (26), se defendeu das críticas recebidas por não ter vetado a criação da figura do juiz de garantias ao sancionar o pacote anticrime, na véspera do Natal. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente disse que não pode ser “escravo de todo mundo” e chegou a dizer que, se a lei ao entrar em vigor prejudicar alguém, é para não votar mais nele. Ele ainda ameaçou a bloquear em suas páginas na internet quem fizer críticas relacionadas a sua família.
– Se entrar em vigor, eu não sei se vai entrar, se te prejudicar não vota mais em mim. Afinal de contas, se eu fizer 99 coisas a favor de vocês e uma contra, vocês querem mudar. Paciência, é um direito de vocês, eu sempre agi assim. Logo estou preocupado com o voto do eleitor, em fazer bem para o próximo, em agradar, mas eu não posso ser escravo de todo mundo – justificou.
Ao longo de 52 minutos de transmissão, Bolsonaro mencionou o juiz de garantias diversas vezes e disse que os autores das críticas não sabem o que falam. O presidente afirmou que as pessoas “bateram demais” nele e “abusaram.” Ele disse estar aberto às “críticas construtivas”, mas observou que “aqueles que forem para a questão pessoal, familiar” deve sair da página dele.
– Eu não quero polemizar mais, eu não tenho que explicar essa situação. O que me surpreende é um batalhão de internautas constitucionalistas, juristas para debater o assunto. Muitas vezes, é: “me traiu, não voto mais”. Falam e ligam a alguma coisa familiar. Me desculpem aqui: sai fora da minha página. Se não sair, eu vou lá e bloqueio. Eu aceito críticas fundamentadas, mas muita gente falando abobrinha.
Bolsonaro negou que tenha feito um trato com o Congresso de que vetaria o juiz de garantias. Segundo ele, essa versão tem sido usada por deputados que votaram a favor do item.
– Eu não fiz nenhum trato com ninguém sobre vetar o juiz de garantia. É um absurdo eu falar ‘vocês aprovam aí que eu veto’, isso é um contrassenso. Só uma pessoa sem caráter para pensar uma coisa dessas , mas tem parlamentares falando uma barbaridade dessas, querendo se eximir do que o Congresso aprovou.
O presidente disse que as pessoas o “esculhambam” pelo item do juiz de garantias, mas se esquecem de outros pontos do pacote anticrime, como o que triplicava a pena para crimes na internet.
– Veja padrão dos itens vetados. Para mim, seria mole sancionar multiplicar por três os crimes na internet. Estaria instituindo a censura no país. Não dão valor para isso, ficam aí no negocinho e com todo respeito 90% não sabe o que é juiz de garantia – diz.
Moro presidente
Criticado por apoiadores do ministro da Justiça Sergio Moro, que era contra o juiz de garantias, Bolsonaro preferiu elogiar o ex-juiz, dizendo que ele faz um “trabalho excepcional”, mas pontuou que discorda dele pontualmente. O presidente observou que também divergiu de Moro sobre o decreto de flexibilização do posse de arma. Bolsonaro chegou a dizer que não se importa caso Moro decida ser candidato a Presidência em 2020.
– O Moro tem um potencial enorme, é adorado no Brasil. Pessoal fala que ele vai vir candidato a presidente. Se o Moro vier que seja feliz , não tem problema, vai estar em boas mãos o Brasil, e eu não sei se vou vir candidato em 2022. Se estiver bem pode ser que eu venha, se não estiver, estou fora. Já cansei de dizer, tem milhares de pessoas melhores do que eu para disputar uma eleição – disse.
Informações: O Globo
Foto: Reprodução
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