O Banco de Olhos de Londrina (BOL), do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (HU/UEL), consolida-se como grande fornecedor de córnea para transplantes de tecidos oculares do Paraná. Em 28 de abril, o Banco atingiu a doação de número 1.500, autorizada pela família de um paciente de 55 anos que estava internado na Santa Casa de Cambará.
A captação foi finalizada pela enfermeira Bárbara Araújo, capacitada pelo BOL em um dos cursos de enucleação ocular promovidos pelo HU e pela OPO (Organização para Procura de Órgãos e Tecidos para Transplante), da 17ª Regional de Saúde do Estado.
Com a contribuição do Banco de Olhos do HU, a fila de espera por transplante de córnea no Paraná tem se reduzido significativamente, chegando, de tempos em tempos, a zerar a fila. “A fila de espera no Paraná gira em torno de 20 pacientes, em média, e o normal é espera de cerca de dois meses, mas em determinadas épocas do ano chegamos a zerar a fila, com pacientes que aguardam o transplante sendo atendidos rapidamente”, ressalta a oftalmologista Ana Paula Oguido, responsável técnica pelo Banco do HU. “O trabalho de equipe foi fundamental nessa conquista, é um privilégio para mim fazer parte dessa equipe”, diz Ana Paula.
O oftalmologista Plínio Ângelo Boin Filho, outro responsável técnico do BOL, compartilha essa satisfação. “A gente vê com grande satisfação, primeiro com as famílias autorizando a doação, depois com os pacientes que recebem as córneas voltando a enxergar com o transplante”, diz. Segundo Boin Filho, “as famílias ainda têm receio de autorizar a doação”, situação que pode melhorar com campanhas específicas que conscientizem para a importância de doar.
Reconhecimento nacional
Ana Paula destaca que o Banco de Olhos do HU tem o reconhecimento nacional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em termos de estrutura física, equipamentos e capacitação técnica dos profissionais que atuam no setor. “Fornecemos a córnea primeiro para pacientes da macrorregião Norte do Paraná, e o excedente para demais regiões do Paraná, depois para outros estados, como Rio de Janeiro e Nordeste do país, entre outros”, relata Plínio. Os tecidos armazenados obedecem ao rigoroso controle de preservação e tem prazo de validade de 14 dias.
O enfermeiro Carlos Aparecido de Oliveira, responsável administrativo do Banco, esclarece que em boa parte das mortes há os casos em que a doação do globo ocular é descartada, e dos chamados “viáveis para doação” a taxa de conversão – ou seja, de convencimento à doação nas abordagens às famílias de potenciais doadores – é de 44% em 2019, porcentagem considerada boa nas atuais condições. “O ideal seria chegarmos a pelo menos 50%, determinado como meta no Estado”, afirma.
Em parceria com a OPO, o Banco de Olhos já capacitou cerca de 50 profissionais da macrorregião norte do Estado, entre médicos e enfermeiros, para a captação de globo ocular. Esses profissionais vêm das cinco Regionais de Saúde, o que representa mais agilidade nas captações de tecidos oculares em locais mais distantes de Londrina.
Os tecidos oculares da região são todos encaminhados para o HU/UEL, que abastece os principais centros de transplantes. Londrina é a cidade com mais hospitais habilitados, com número maior de especialistas em transplante de córnea. A maior parte dos procedimentos são realizados no Hoftalon, mas contribuem para fazer a fila de transplante andar o HU/UEL, Evangélico, Santa Casa e Hospital do Coração, entre outros.
O farmacêutico Fernando Pagotto Carneiro, técnico administrativo do BOL desde o início de funcionamento, ressalta a evolução técnica do setor. “O sistema está bem mais estruturado, com mais agilidade e envolvimento de profissionais de toda a região. É incomparável em relação ao início dos trabalhos do Banco, mas precisamos construir melhor a cultura da doação, mudar o paradigma, para aumentar o número de doadores”, comenta.
A macrorregião Norte do Paraná abriga as Regionais de números 16, 17, 18, 19 e 22 e população de cerca de 2 milhões de habitantes em 97 municípios. O Banco do HU é o único público do Paraná. Maringá, Cascavel e Curitiba abrigam outros Bancos de Olhos do Estado.
Informações da Agência UEL
Foto: Com/HU
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