Agência defende investimento privado e dá prazo de 120 dias para os sócios resolverem a crise financeira da operadora.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) suspendeu por 120 dias o processo de caducidade da concessão da Sercomtel. Devido à sua situação financeira, a empresa londrinense – que pertence ao Município (55% das ações) e à Copel (45%) – corre o risco de ficar sem a licença para explorar telefonia.
O prefeito Marcelo Belinati avaliou a suspensão do processo, a pedido da Prefeitura, como uma “vitória para Londrina”. “Foram inúmeras reuniões e ações tomadas em 2017 e 2018 para melhorar os números da empresa. Saímos de um prejuízo de R$ 17 milhões em 2016 para um lucro de R$ 1,8 milhão em 2018”, afirma. Em 2017, a operadora registrou prejuízo de R$ 4 milhões.
Belinati diz que continua apostando numa ampliação da parceria com a Copel como saída para a Sercomtel. Outra opção seria o governo do Estado transferir para a operadora todas as contas de telecomunicações que mantém na região do prefixo 43, o que aumentaria em muito o faturamento. Mas a viabilidade legal dessa proposta, já discutida com o governador Ratinho Júnior, ainda não foi estudada.
O prefeito admite que encontrar um sócio privado é a saída mais provável para a empresa. A própria Anatel só suspendeu o processo de caducidade devido à “oferta de capitalização” apresentada pela Dez de Dezembro – empresa constituída no ano passado por um grupo de investidores que detém 0,0001% das ações ordinárias da telefônica.
Eles propuseram aportar R$ 120 milhões no negócio e tornarem-se sócios majoritários da Sercomtel. A oferta foi protocolada na empresa e também na agência, que hoje conta com esse investimento como única alternativa à cassação da licença. Em “despacho decisório” no qual comunica a trégua de 120 dias, o órgão regulador alerta que a “suspensão ou cancelamento da oferta de capitalização por qualquer razão e o consequente arquivamento do pedido de anuência prévia acarretará a imediata retomada”, do processo de caducidade.
Para aceitar a proposta, o Município precisa de autorização da Câmara Municipal. Questionado sobre a possibilidade de a Sercomtel fechar com a Dez de Dezembro, o prefeito diz: “É um dos caminhos que tornaria a empresa viável”, conta. “O pior cenário para a Sercomtel é ser decretada a caducidade”, complementa. Se a empresa for fechada, Belinati calcula que o Município e a Copel teriam de arcar com uma dívida de cerca de R$ 600 milhões.
O prefeito ainda ressalta que o principal objetivo dos sócios é manter a empresa saudável e com sede em Londrina, preservando os empregos na cidade. “Também queremos que a Sercomtel seja uma grande catalisadora de investimentos na cidade”, alega.
“Temos 120 dias para resolver a situação”, afirma o presidente da operadora, Cláudio Tedeschi. “A Anatel quer que a gente atinja os indicadores financeiros e para isso precisamos de dinheiro novo”, complementa.
De acordo com ele, um estudo da Consultoria Ernst&Young contratado pela Copel há cerca de um ano mostrou que a Sercomtel precisa de R$ 116 milhões para sair da crise financeira.
O balanço da empresa referente a 2018 ainda não foi publicado. O de 2017 mostra passivos de R$ 66,640 milhões de curto prazo e de R$ 163,456 milhões de longo prazo (com vencimento em mais de 12 meses). O total oficial de dívidas da empresa, a maior parte com impostos e ações judiciais, era de R$ 230,094 milhões. Mas pode ser bem maior se considerados todos os processos movidos contra ela. A receita bruta da Sercomtel naquele ano foi de R$ 285,593 milhões. O balanço mostra ainda prejuízos acumulados de R$ 179,637 milhões.
Via Folha de Londrina
Foto: Marcos Zanutto
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