Frequentes no cotidiano, especialmente em crianças e bebês, os engasgos e broncoaspiração são perigosos, além de ser uma das causas de chamados de emergência. Bebês, por exemplo, podem engasgar com o leite durante a amamentação. Em crianças menores, o risco maior é com alimentos em grão, doces ou pequenos objetos levados à boca por curiosidade. Para identificar e socorrer os pequenos nessas situações, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) reforça algumas orientações.
Geralmente alguns sinais dão indicativo que a criança esteja engasgada, tais como tosse, agitação, dificuldade de respirar, a cor roxa ao redor dos lábios e as mãos no pescoço, como se estivesse sufocada são sugestivos do bloqueio das vias aéreas. Algumas vezes, ela pode emitir sons respiratórios agudos ou ausência de som. A Sesa disponibiliza no site oficial um manual de desengasgo, que ensina a Manobra de Heimlich, que ajuda no processo de desobstrução.
“Esse tipo de acidente é bastante comum. As pessoas costumam ligar para o 192 ou 193. Quando essa ligação ocorre, é aberto um chamado. O médico inicia o atendimento, por telefone mesmo, dando orientações, enquanto isso, uma ambulância se desloca até ao local solicitado. Esses momentos podem ser cruciais para salvar uma vida”, disse Márcio Allan Alves, médico da urgência do Samu.
A asfixia ocorre quando um objeto estranho (líquido ou sólido) entra na traqueia, causando interrupção total ou parcial da respiração do ar. Nos bebês ocorre principalmente através de líquidos, nas crianças maiores é mais frequente através de sólidos como alimentos e pequenos objetos (peças de brinquedos, botões, etc.). Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a aspiração de corpo estranho ocorre principalmente em crianças entre 1 e 3 anos.
No Paraná, das 1.571 ocorrências atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por engasgo neste ano, 627 (39,91%) foram em crianças de até 10 anos. Somente em bebês (até um ano) foram 422 registros. Em 2023 o número geral de engasgos chegou a 2.364. Desse total, 618 foram em bebês, 271 em crianças de 1 a 5 anos e 59 engasgos na faixa etária de 6 a 10 anos.
Além dos chamados de emergência, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) também teve registro de óbitos por esta causa. De janeiro até agora, 11 bebês já perderam a vida por engasgo, e em 2023, foram 17 óbitos.
CUIDADO PERMANENTE – Dentro da programação do Agosto Dourado, campanha que incentiva o aleitamento materno, a 3ª Regional de Ponta Grossa realizou nesta semana uma capacitação focada na amamentação e engasgamento. Cerca de 200 profissionais da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, da Atenção Primária em Saúde, médicos, enfermeiros, nutricionistas, técnicos de enfermagem e referências municipais em saúde da criança e nutrição participaram do encontro.
Para Melina Lopes Lima, enfermeira da Seção de Atenção Primária à Saúde da 3ª RS e palestrante na capacitação, a manobra de Heimlich é um procedimento simples que deve ser trabalhado com os usuários dos serviços de saúde. “Esse conhecimento deve ser, de preferência, de forma prática, desde o pré-natal até a puericultura, necessitando ser direcionada aos pais e demais cuidadores, devido à elevada incidência de engasgo na pediatria e à prevenção de mortes com a realização desta manobra”, alertou.
Caso um bebé se engasgar, as orientações são:
– Colocar o bebê de bruços sobre o braço e fazer cinco compressões entre as escápulas (no meio das costas)
– Virar o bebé de barriga para cima no braço e fazer mais cinco compressões sobre o esterno (osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos
– Manter a calma
– Segurar o bebé no colo em posição confortável virado para si
– Não sacudir o bebé
– Deixar o bebê chorar, pois significa que ele está a respirar
– Nunca tentar usar os dedos para retirar o objeto da garganta do bebê, pois poderá empurrá-lo ainda mais fundo, piorando a situação
– Observar se o bebê apresenta sinais de engasgo, como tosse, agitação, dificuldade de respirar, a cor roxa ao redor dos lábios e as mãos no pescoço, como se estivesse sufocada
Cuidados no ambiente doméstico:
– Mantenha o piso livre de objetos pequenos como botões, colares, moedas, tachinhas etc. Esses itens devem estar longe do alcance das crianças
– Sacolas plásticas também devem ficar longe do alcance
– Fique atento às crianças maiores. Muitos acidentes ocorrem quando irmãos ou irmãs oferecem objetos/alimentos para os menores
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