A cada 10 horas, um suicídio é registrado no Paraná. Assim foi no ano de 2021, quando 912 paranaenses decidiram dar fim à própria vida, segundo os registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Para se ter uma dimensão do que esse número representa, as mortes autoprovocadas já são mais frequentes do que os óbitos de motociclistas em acidentes de trânsito (705 falecimentos no ano passado).
Desde o início da série histórica do SIM, em 1979, até o ano de 2017 o Paraná jamais havia registrado num ano mais de 800 mortes por lesões autoprovocadas intencionalmente (termo utilizado para se referir ao suicídio pela na Classificação Internacional de Doenças – CID). A ‘barreira’, contudo, foi rompida em 2018 e desde então o número de suicídios entre os paranaenses ao longo de um ano não fica abaixo de 900.
O recorde pertence ao ano de 2019, quando 944 pessoas faleceram no estado por conta de lesões autoprovocadas. Nos dois anos seguintes, 2020 e 2021, o número de suicídios até chegou a cair, mas permaneceu em patamar elevadíssimo, com 935 e 912 registros, respectivamente, sendo importante destacar que os dados do ano passado ainda são preliminares.
A tragédia local segue uma tendência nacional. No Brasil, o número de pessoas dando fim à própria vida tem crescido consecutivamente desde 2003, período no qual o número de suicídios saltou de 7.861 para 14.084. Já são 19 aumentos consecutivos no país, portanto, com alta acumulada de 79,2% no contingente de mortos.
A curva vai na contramão do resto do mundo, mas segue a tendência da América Latina, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS), que atribui o cenário atual à piora da pobreza, da desigualdade, ao aumento na exposição a situações de violência e à ineficiência de planos de prevenção.
Recentemente, inclusive, o psiquiatra Humberto esteve na Cãmara dos Deputados e participou de uma audiência pública para tratar sobre o aumento de suicídio, automutilação e problemas psicológicos entre os jovens brasileiros. Na ocasião, apresentou dados sobre o suicídio no Brasil e no mundo e disse que acontecem 16 milhões de tentativas por ano no planeta. “No Brasil, acontece uma morte por suicídio a cada 45 minutos, mas para cada morte temos outras 20 tentativas. Os números são altos e preocupantes”, explicou.
Sinais de alerta e os canais para apoio
O Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do telefone 188, é um canal permanente de apoio. Em diversidades cidades, há também um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) que oferece auxílio em horários comerciais. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo telefone 192, ou o Corpo de Bombeiros, pelo 193, devem ser acionados quando ocorrem casos de tentativas de suicídio.
Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) também ressalt a importância de se reconhecer fatores de risco para o suicídio. E os dois principais são: tentativa prévia de suicídio (considerado o fator preditivo isolado mais importante) e doença mental (quase todos os suicidas têm uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada). Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, alcoolismo e abuso/dependência de outras drogas e transtornos de personalidade e esquizofrenia, sendo que o risco aumenta caso o paciente apresente múltiplas comorbiaddes psiquiátricas.
Além disso, outros fatores de risco conhecidos são a desesperança, desespero, desamparo e impulsividade, a idade (o suicídio entre jovens vem aumentando em todo o muindo nas últimas décadas e apresenta índice elvado entre idosos devido a fatores como perda de parentes, enfermidades degenerativas e solidão), doenças clínicas não psiquiátricas (as taxas de suicídio são maiores em pacientes com câncer, HIV, doenças nerológicas, doenças cardivasculares, doenças crônicas etc), eventos adversos na infância (maus tratos, abuso físico e sexual, transtorno psiquiátrico familiar) e fatores sociais.
Com informações:Bem Paraná
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