A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai realizar nesta quinta-feira (4) o leilão do 5G, a nova geração de internet móvel.
A tecnologia promete uma revolução: conexão com velocidade ultrarrápida, avanços de tecnologias como carros que dirigem sozinhos e a possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo.
Mas quanto tempo vai levar para termos o 5G no Brasil? O quanto ele é melhor do que o 4G? Veja respostas para essas e outras dúvidas abaixo:
- O que é o 5G?
- O que significa Mbps, Gbps, MHz e GHz?
- O quanto o 5G é melhor que o 4G (na prática)?
- O que o 5G vai permitir?
- Quando ele chegará ao Brasil?
- Em que pé está?
- Vai ser mais caro?
- Vai funcionar no celular que eu já tenho ou vou precisar comprar um compatível?
- O 4G vai acabar?
- O 5G vai substituir a internet fixa?
- O que é o 5G anunciado pelas operadoras atualmente?
- O que são as faixas do 5G?
- O que as antenas parabólicas têm a ver com 5G?
- Como vai funcionar a rede privada 5G do governo?
- Qual a previsão de arrecadação do leilão do 5G?
- O que o governo quer como contrapartida no leilão?
- Qual é a polêmica com a chinesa Huawei?
O que é o 5G?
É a nova geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atual.
A promessa é que ela trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.
Essa evolução da rede vai permitir conectar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio. Tudo isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.
O que significa Mbps, Gbps, MHz e GHz?
- Hz: hertz, é a unidade de medida de frequência de ondas e equivale a um ciclo por segundo.
- MHz: megahertz, representa 1 milhão de hertz (1 milhão de ciclos por segundo).
- GHz: gigahertz, representa 1 bilhão de hertz (1 bilhão de ciclos por segundo).
- Bps: bits por segundo, é a menor unidade medida de transmissão de dados por segundo.
- Mbps: megabits por segundo, representa 1 milhão de bits por segundo.
- Gbps: gigabits por segundo, representa 1 bilhão de bits por segundo.
A média da velocidade 4G no Brasil entre as quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps (megabits por segundo), de acordo com um relatório da consultoria OpenSignal de maio de 2021.
O valor pode variar de região para região, da prestadora do serviço e até mesmo do horário em que uma pessoa acessa a rede.
Uma conexão 4G com excelente performance chega a próximo 100 Mbps, segundo Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da TIM.
O 5G, por sua vez, pode chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps – uma diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G.
Essa diferença diz respeito somente à velocidade. Mas o 5G também promete baixa latência, ou seja, um tempo mínimo de resposta entre um aparelho e os servidores de internet – aquele “delay” que acontece em ligações em vídeo, quando é preciso esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado veja e ouça o que falamos.
“No 4G, quando é muito boa a latência, ela é de 50 a 70 milissegundos. No 5G, pode ficar de 1 a 5 milissegundos. Estamos falando em reduzir numa ordem de 10 vezes o tempo que uma informação leva para percorrer a rede”, disse Capdeville.
Outra característica do 5G que difere das gerações de rede anteriores é que ele poderá lidar com muito mais dispositivos ligados ao mesmo tempo. A conexão também será mais confiável, pois um aparelho vai poder se conectar com mais de uma antena ao mesmo tempo.
O que o 5G vai permitir?
Essas melhorias de velocidade, tempo de resposta e confiança na rede prometem abrir um leque de aplicações, segundo especialistas.
Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com o 5G, bem como a chamada “indústria 4.0” com toda a linha de produção automatizada. Cirurgias feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer um tempo de resposta mínimo.
Wilson Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e diretor de soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet que passaram a ser possíveis com o 4G e faz um paralelo com a novidade.
“Não tínhamos Uber no 3G porque não as características que o Uber pede, de localização, de velocidade, não estavam disponíveis. Essas aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G espalhadas, teremos sensores e novas aplicações”, afirmou.
É o caso dos carros autônomos. Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G ainda não é veloz o suficiente para evitar acidentes em situações extremas, além de não suportar tantos dispositivos conectados ao mesmo tempo.
O 5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam que muito do processamento de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pegando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios médicos, como pulseiras e relógios conectados.
Quando ele chegará ao Brasil?
Ainda vai levar um tempo. A expectativa de fontes ligadas ao setor ouvidas pelo g1 é que ainda sejam precisos de 2 a 4 anos, depois do leilão de frequências, para que o 5G esteja efetivamente disponível em diversos bairros das maiores cidades do país.
No edital do leilão, que foi aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), está previsto que o 5G deve funcionar nas 26 capitais do Brasil e no Distrito Federal em julho de 2022, mas isso também não significa que essas cidades oferecerão a frequência em todos os lugares.
Em uma audiência na Câmara dos Deputados em setembro, um dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, afirmou que a promessa de o 5G a todas as capitais do país até julho de 2022 é para “inglês ver”.
Isso porque a proposta de edital do 5G prevê a instalação de poucas estações rádio base, que são as antenas. Desse modo, o sinal da internet móvel de quinta geração ficaria restrito a uma pequena área das capitais, não cobrindo toda a área das cidades.
Após o leilão, as operadoras vencedoras precisarão investir em infraestrutura para oferecer a conexão, como instalação de fibras ópticas.
Além disso, conforme prevê Cedraz, ministro do TCU, o 5G vai exigir muito mais antenas para entregar todo o seu potencial – uma preocupação das empresas, já que as regras para instalação dos equipamentos são definidas por cada município.
Para Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis, entidade que representa as operadoras, a cobertura pode acontecer até mesmo antes das metas previstas pela Anatel conforme a demanda dos consumidores e a competição do mercado.
A Anatel prevê que se instale mais estações rádio base (ERB) – ou antenas – nas cidades, com o passar do tempo. Na prática, é isso o que garantirá cobertura de sinal 5G. Veja o cronograma:
- 31 de julho de 2022: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 100 mil habitantes
- 31 de julho de 2023: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 50 mil habitantes
- 31 de julho de 2024: capitais e Distrito Federal tendo uma ERB a cada 30 mil habitantes
- 31 de julho de 2025: capitais e Distrito Federal e cidades com mais de 500 mil habitantes tendo uma ERB a cada 10 mil habitantes
- 31 de julho de 2026: cidades com mais de 200 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
- 31 de julho de 2027: cidades com mais de 100 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
- 31 de julho de 2028: pelo menos 50% das cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes
- 31 de julho de 2029: todas as cidades com mais de 30 mil habitantes tendo uma ERB a cada 15 mil habitantes