O pai de Eduarda Shigematsu, que foi encontrada morta no quintal de uma casa de Rolândia, no norte do Paraná, em abril de 2019, disse à Justiça que enganou a mãe e não contou sobre a morte da menina ou sobre a ocultação do corpo. A informação foi dada durante audiência de instrução do caso realizada na tarde de segunda-feira (3).
“Enganei a minha mãe. Como menti para ela, ela deu queixa na polícia. Ela não sabia de nada”, relatou Ricardo Seidi.
O corpo de Eduarda Shigematsu foi encontrado enterrado no quintal de um imóvel no fim de abril. O pai dela foi preso no mesmo dia que o corpo foi encontrado, e confessou que ocultou o corpo da filha, mas negou que tenha assassinado a criança. Ricardo Seidi e Terezinha de Jesus Guinaia, avó de Eduarda, são réus por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A Justiça prorrogou por mais 90 dias a prisão preventiva de Ricardo Seidi, que está preso por ser acusado de matar a filha Eduarda Shigematsu em abril de 2019. em Rolândia, no norte do Paraná. A decisão foi proferida pelo juiz Alberto José Ludovico após o fim da audiência de instrução do caso realizada na segunda-feira (3).
Depoimentos
Os réus Ricardo Seidi e a mãe dele, Terezinha de Jesus Guinaia, prestaram depoimento sobre a morte de Eduarda.
Seidi, que está preso na Penitenciária Estadual de Londrina, reafirmou que encontrou a filha enforcada com uma corda na porta do quarto, mas confirmou que ocultou o corpo da menina.
“No desespero não pensei em outra coisa, porque tinha umas coisas erradas dentro do meu quintal. Coisas do meu trabalho. Fiquei preocupado, imaginei que poderia acontecer algo pior”, afirmou ao juiz.
“Encontrei a minha filha pendurada na porta por uma corda, sem vida. Não pensei em nada, me veio na cabeça de levar o corpo até esse imóvel, porque estava vazio. Na hora [que viu a menina morta] não pensei em chamar ninguém”, relatou.
O pai de Eduarda Shigematsu afirmou que a mãe, Terezinha Guinaia, não ajudou a esconder o corpo e disse que, no dia que registraram Boletim de Ocorrência, a mãe não sabia que a criança estava morta.
“Não contei para a minha mãe. Acompanhei na polícia porque ela pediu, estava transtornada, então acabei levando. Não contei em momento algum para ela”, relatou.
A ré Terezinha Guinaia também prestou depoimento. Ao juiz, ela disse que percebeu que a menina desapareceu no fim da tarde do dia 24 de abril de 2019 quando ela retornou do trabalho.
“Antes de ir para a aula, a Eduarda disse que se não estivesse em casa de meio-dia é porque estaria na casa de uma amiga. Por isso, não me preocupei quando fui para casa almoçar. No fim da tarde, fui até a casa dessa amiguinha e ela não estava lá. Voltei para casa, falei com ele [Ricardo Seidi] e liguei para uma tia que mora em São Paulo, e que é policial, e ela disse que Boletim de Ocorrência só seria registrado no outro dia. Mesmo assim, sai para procurar a Eduarda por conta”, contou.
Terezinha e Ricardo registraram o Boletim de Ocorrência um dia depois do desaparecimento da criança. Terezinha afirma que não viu ou percebeu algo diferente na casa no dia que Ricardo Seidi relatou que a menina se enforcou.
“A mochila dela estava no sofá, estava tudo normal. Não desconfiei de nada”, enfatizou.
A avó de Eduarda afirmou que só descobriu que a neta estava morta no dia que a Polícia Civil descobriu o corpo.
“Não sabia de nada. Não conversei com o Ricardo porque ele foi preso no mesmo dia que o corpo foi encontrado”, concluiu a ré.
A Justiça ainda deve ouvir mais testemunhas do caso no dia 27 de fevereiro. O juiz Alberto José Ludovico também pediu a entrega de laudos de prontuários médicos e psicológicos de Eduarda e exames que apontem se a menina sofreu algum tipo de violência sexual .
Depois disso, o juiz vai decidir se o pai e a avó de Eduarda Shigematsu serão julgados ou não por júri popular.
O que dizem os advogados
A defesa de Terezinha de Jesus Guinaia disse que no depoimento a cliente se declarou inocente e que o filho dela declarou que a mãe não teve qualquer envolvimento no crime.
O advogado de Ricardo Seidi disse que não vai se manifestar por enquanto.
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Via Portal G1