O juiz José Daniel Toaldo, substituto da 9ª Vara Criminal de Curitiba, marcou os interrogatórios do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e da esposa dele e ex-secretária da Família e Defesa Social, Fernanda Richa, em um dos processos da Operação Quadro Negro. Além deles, outros cinco réus também foram intimados a prestar esclarecimentos.
As oitivas devem acontecer entre os dias 8 e 9 de julho, de acordo com a decisão da última quarta-feira (22). Nessa ação, o casal Richa responde por obstrução de investigação. Ela e os outros cinco réus também são acusados de organização criminosa.
No mesmo documento, o magistrado marcou entre 8 e 21 de maio os depoimentos de testemunhas arroladas pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná). Já as testemunhas de defesa serão ouvidas entre 15 e 24 de junho.
A reportagem tenta contato com a defesa do casal.
Quadro negro
Iniciada em agosto de 2015, a Operação Quadro Negro trata de casos de corrupção ativa, peculato e desvios de verbas públicas ocorridos na Secretaria de Estado da Educação entre 2012 e 2015. De acordo com as investigações, a Construtora Valor recebeu aproximadamente R$ 20 milhões, mas não entregou as obras.
Segundo o MPPR, as investigações demonstraram que agentes públicos e privados fraudaram laudos para viabilizar pagamentos antecipados de construções, reformas e ampliações de escolas, sem a real execução das obras contratadas.
Richa preso
No dia 19 de março de 2019, o ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná. Alguns dias depois, o tucano, a ex-primeira-dama e outras cinco pessoas viraram réus por obstrução de investigação de organização criminosa no âmbito da Operação Quadro Negro. Richa também é réu por organização criminosa, corrupção passiva e prorrogação indevida de contrato de licitação.
O ex-governador é acusado, juntamente com outros 13 denunciados, de promover oito aditivos contratuais em obras de escolas públicas estaduais para aumentar o valor repassado à construtora Valor em R$ 4,924 milhões. Segundo a denúncia, a Valor teria sido orientada a apresentar uma proposta bastante baixa na licitação, para vencer o certame e, posteriormente, ser “compensada” com os aditivos, que foram concedidos “de forma absolutamente injustificada, fraudulenta e eivada de vícios (de motivo, forma e finalidade), sem qualquer imprevisto ou situação fática que demandasse a revisão dos montantes originariamente pactuados”.
O MP aponta ainda que os recursos repassados a maior teriam sido utilizados como Caixa 2 da campanha de reeleição de Richa ao governo do Estado em 2014.
O engenheiro e ex-diretor da Secretaria de Educação Maurício Fanini, afirmou, em depoimento à Justiça, que atuou para a arrecadação de propinas na secretaria e que os valores tinham como objetivo promover benefício pessoal e eleitoral a Beto Richa. Fanini também declarou que o dinheiro também pagou viagens e a compra de um apartamento do ex-governador.
Conforme o MP, Fernanda Richa agiu para evitar que Fanini revelasse fatos sobre o suposto esquema de corrupção, “atuando pessoalmente em encontros e por meio de mensagens de texto”.
Informações: Paraná Portal
Foto: Geraldo Bubniak/AGB
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