2018 chegou ao fim com a notícia de mais um caso de covardia brutal contra uma mulher e o desrespeito a uma medida de proteção determinada pela Justiça. A família de Larícia parou num posto, no sábado (29), quando estava saindo para viajar. Assim que ela entrou no carro, um homem chegou e atirou contra o namorado dela. Depois, a obrigou a entrar no carro dele, voltou e atirou mais duas vezes contra Roberto Lemos dos Santos, de 50 anos, que morreu na hora. O atirador é José Antônio de Assis, ex-marido de Larícia. “Já sacou a arma para atirar, a hora que eu vi ainda tentei ir para cima, assim, ele já disparou, me puxou pelo cabelo e foi me levando para o carro. Eu saí sem nem poder olhar para trás, sem nem poder dar socorro. Eu pensava nos meus filhos que estavam dentro do carro”, conta a empresária Larícia Reyes. Logo depois dos disparos, um dos meninos que estavam no carro saiu correndo. Nem ele nem o irmão, filhos de outro relacionamento de Larícia, ficaram feridos. Ela conta que viajou amarrada dentro do carro por mais de 400 quilômetros. José Antônio soltou a ex-mulher em Pontes e Lacerda, mas, segundo Larícia, ele sequestrou o filho deles, Heitor de Assis, de quatro anos. Larícia e José Antônio se separaram em julho, depois de um casamento de cinco anos. Ela conta que o ex-marido não aceitava o rompimento e que a sequestrou, agrediu e a estuprou em novembro. A Justiça decretou uma medida protetiva, que proibia José Antônio de se aproximar da ex-mulher. “Me xingava, que eu estava totalmente apaixonada. Como que o amor que eu tinha por ele tinha acabado? Que não era possível, mas eu tinha que dar essa oportunidade para ele”, conta Larícia. Larícia registou a queixa na Central de Flagrantes que está de plantão nesse feriado. É que a Delegacia da Mulher de Cuiabá está fechada, em recesso pelo réveillon. A equipe especializada nesse tipo de crime só vai assumir a investigação do caso no dia 2 de janeiro, quando a delegacia reabre e está marcado o depoimento da vítima. Mato Grosso é o segundo estado mais violento para mulheres. Só entre janeiro e agosto de 2018, a Justiça determinou quase 6 mil medidas protetivas. De janeiro a outubro, foram 66 feminicídios. O estado tem sete Delegacias da Mulher, duas na região metropolitana da capital. Mas elas só funcionam em dias úteis e em horário comercial. “É um contrassenso que as delegacias fechem nos finais de semana, feriados e à noite, porque é o período onde os crimes mais acontecem. Dá uma sensação de que a violência contra a mulher é um crime menor, que ele não vai ser punido, que ele pode ser relevado. E não é”, afirma a presidente do Conselho dos Direitos da Mulher de Mato Grosso, Glaucia Rodrigues do Amaral. A polícia de Mato Grosso declarou que, fora do horário comercial, as vítimas devem registrar queixas nas delegacias comuns e que José Antônio de Assis é procurado nos estados vizinhos e também na Bolívia. Quem tiver informações pode ligar para o Disque-Denúncia no 197.
(Via G1)